Quando comecei a assistir à entrevista ainda estava imbuído do espírito de acreditar que estávamos perante um momento sério de informação. A irreverência dos primeiros instantes da entrevista a José Sócrates dava a crer que os entrevistadores estavam ali numa missão de por a nú o rei e saber toda a verdade sobre o destino do País. Puro engano!. Pois rapidamente a irreverência se esgotou, o que me leva a chegar a estas hipóteses: ou os entrevistadores não sabiam o que estavam a fazer (pouco provável, dado o gabarito que tem) ou aquilo estava tudo combinado (mais provável). Se tal aconteceu de facto, a isso deveu-se sem sombra de dúvida à um dedinho dos Costa Brothers.
A Entrevista não foi no entanto inútil (mesmo tendo em conta o que anteriormente foi mencionado). Serviu o seu propósito, deu tempo de antena ao primeiro-ministro, que conseguiu desta forma explicar directamente aos portugueses o que quis explicar, nomeadamente sobre o Estatuto dos Açores, a Crise, a actuação dos governo no caso do BPN e do BPP, o caso Qimonda, as obras pública, e o sector energético entre outras. Ou seja, José Sócrates, que falou no seu habitat, falou do que quis, conseguiu, habilmente, ser ele o condutor da entrevista, enquanto que os entrevistadores, foram meros espectadores que em vão tentaram lançar as linhas orientadoras. Nada de novo, já o tínhamos visto fazer o mesmo tipo de jogo numa entrevista passada na RTP, ou mesmo no Parlamento. Sejamos honestos, o primeiro-ministro tem um dom da oratória e poucos em Portugal lhe fazem frente. Sugiro, veemente, à SIC que na próxima entrevista que faça ao primeiro-ministro, deixe o jogo dos dois entrevistadores de lado, e passe a ter só um, mas que esse um seja o Mário Crespo. As contas do rosário iriam ser certamente outras.
A oposição fez aquilo que melhor sabe fazer: opôs-se! Critica por criticar. O eterno discurso do bota-abaixo-tá-tudo-mal. A oposição assemelha-se mais um grupo de treinadores de bancada em plena taberna do que um grupo de políticos e pensadores.
Não creio que haja "combinação", ou outro tipo de movimentação com o intuito de beneficiar Sócrates e o seu governo. A Mediocridade e a letargia em que vive o parlamento, a oposição e os portugueses em geral, fazem-nos por negligência.
ResponderEliminarAcerca do entrevistador: Todos seriam bons entrevistadores se perguntassem a José Sócrates quais os objectivos, as metas e as etapas de cada politica, no fundo em que pensou ele quando pensou no que está a fazer, e não descolassem sem ele responder, que acaba sempre por ser o que ele consegue, falar tanto tempo e com tantas novas tónicas que os entrevistadores esquecem o que perguntaram e porquê.