É inacreditável como o tempo passa. A humanidade pula e avança e a Igreja continua estagnada. Mas vamos por partes. Recuemos ao ano de 1992 quando o cartoonista António lançou à estampa na revista do Expresso aquele que viria a ser o seu mais conhecido trabalho: “o Preservativo Papal”. O objectivo criticar a proibição que o Papa João Paulo II havia feito aos seus fiéis de não usarem o preservativo. A polémica fez estalar o verniz dos católicos mais fervorosos que se insurgiram com tamanha afronta a Sua Santidade. Os ânimos foram arrefecendo com o passar do tempo. E julgo que se fosse hoje, o impacto seria muito menor. Pois o número de fiéis tem decrescido a olhos vistos. Mas já lá iremos. O Papa João Paulo II morreu. Rei morto, Rei posto. Sucedeu-lhe Bento XVI. As mudanças que muitos desejavam que entrassem na Santa Sé não ocorreram, tendo-se verificado exactamente o oposto – o recurso a tradições provenientes de tempos imemoriais e impregnadas pelo cheiro a bafio e a mofo. Ora tal facto afasta os fiéis mais progressistas e faz com que os sermões, orações e outras argumentações vindas da janela do Papa não tenham o impacto de outrora, pois cada vez são menos os que atentam no que afirma e recomenda Sua Santidade. Ao que parece nada disso parece importunar e demover o Papa, pois ainda é capaz de vir a público proferir afirmações tão desconexas como as que acabe de proferir nos Camarões: "Não se resolve o problema da sida com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema." .
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