terça-feira, 23 de março de 2010

Os Museus



Recentemente veio a lume a vontade do Ministério da Cultura de aumentar as entradas nos museus nacionais aqui, aqui, e também aqui. Logo-logo levantaram-se vozes de protesto de entre as quais destacaram a dos operadores turísticos e as dos puristas que fizeram o favor de bradara plenos pulmões um sonoro Aqui d’el-rei! 

Confesso que achei piada. 

O argumento utilizado tanto pelos operadores turísticos como pelos puristas foi o mesmo: se aumentarem as entradas nos museus eles vão ficar às moscas! Ao que eu contraponho: mesmo que não aumentem eles vão continuar às moscas. Tenho dito!

Mas vamos mais longe. Vamos ao cerne da questão. Se o fizermos facilmente conseguiremos apurar que a razão de existirem mais moscas do que pessoas nos nossos museus se prende com o facto dos nossos museus continuarem a chamar BURROS aos nossos visitantes. Pode não incomodar as moscas, mas incomoda as pessoas, que assim se vem obrigadas a virar as costas e procurar refugio e distracção noutros locais como centros comerciais, e afins. 

Nesta altura, o leitor mais desprevenido está a interrogar-se: Mas como é que os Museus me chamam de BURRO? 
A resposta é simples. A maior parte dos visitantes sente-se como um BURRO a olhar para um palácio. Isto porque, regra geral, os nossos museus não sabem fazer exposições, nem tem pessoal competente para acompanhar as visitas. Se entramos num Soares dos Reis ou num Malhoa ou num MNAA não percebemos patavina do que temos diante dos olhos. A não ser que tenhamos tirado um curso de História da Arte ou similar ou então que tenhamos lido de véspera a Enciclopédia Luso-Brasileira de A a Z. É normal. Eu sinto isso. Por isso, e como não aterrei aqui vindo de outro planeta (se bem que às vezes parece), sei que acontece com as outras pessoas. É muito bonito ir vermos um quadro de um Sousa Pinto, de um Columbano ou de um Gregório Lopes. Gosto, acho que uns são bonitos outros mais soturnos outros mais feios  Mas, escapam-me outras coisas que eu gostaria de saber mas que ninguém me explica. A não ser que finda a visita compre um roteiro e vá para causa auto-instruir-me. Mas isso faço eu que sou maluco e mais meia-dúzia. Grosso modo, as pessoas também não perdem tempo a ler os roteiros porque não entendem, pois eles são feitos por especialistas e normalmente para os seus pares e não para os outros mortais. Voltemos um pouco mais atrás. Ora como ninguém explica aos visitantes o que estão a ver, as pessoas sentem-se intimidadas. Sente-se despedidas de conhecimentos. Nuas. E como é óbvio não gostam. Preferem estar em locais em que não se sintam tão constrangidas. Daí que, assim que podem fogem a sete pés... e ala que se faz tarde.. até nunca mais. 

Será assim tão difícil de compreender isto? 

Por isso lanço um último pedido:

Senhores Directores dos Museus Portugueses,

Eu sou cidadão português. Tenho orgulho em sê-lo e tenho vontade de saber mais da história e culturado meu povo. Assim sendo, pedia-vos encarecidamente que alterassem a sinalética dos vossos museus para algo mais apelativo, mais explicativo. Além disso, façam mais visitas guiadas para que eu possa saber o que eu estou a ver e não me sentir tão BURRO a olhar para um palácio.

Respeitosamente,
Eu



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