sexta-feira, 19 de março de 2010

UNIÃO PARA O FUTURO DE ALGUNS

Afirmo de forma clara e inequívoca que não apoio, nem apoiarei a Candidatura de Paulo Lopes à presidência da Concelhia do Partido Socialista de Setúbal. Ressalvo que faço esta declaração estando consciente do que dizem os Estatutos do Partido Socialista sobretudo o seu 15º artigo.

Múltiplas razões são aquelas que me levam a tomar esta posição e que explicarei de seguida:

Na carta que fez chegar aos militantes afirma o candidato que: “Somos contra a unicidade, subserviência e carreirismo político; queremos um partido livre, vivo, interveniente, com debate e discussão interna, com direito á diferença de opinião mas sem exclusão, é fundamental criar pontes de entendimento entre os militantes, de modo a reforçar os ideais que nos unem.”

(Neste momento não me consigo conter. Também reparou que existe naquela citação uma palavra de quinhentos paus que foi lá metida à bruta e que não tem eira nem beira?)

De resto… Está tudo muito bem!
Politicamente correcto, como seria aliás de esperar!
Sobretudo na utilização de umas ideias oriundas dalguma velha cartilha.


Mas a verdade dos factos é outra. E que convêm que seja dita. Ora bem, o candidato que vem agora defender estas ideias deveria, em abono da sua coerência política, tê-las demonstrado no passado. E o candidato não o fez! Preferiu, ser um militante pouco participativo na vida política da estrutura local. Pessoalmente, recordo-me de o ter visto nalgumas reuniões da Comissão Política de Concelhia e mais recentemente (já na caça ao voto, obviamente!) nalgumas actividades da Secção. Muito pouco para quem apregoar agora aos sete ventos que devemos “criar pontes”, estar abertos a outras opiniões. Pessoalmente, considero que este senhor foi um dos dos grandes eucaliptos do PS-Setúbal e não um fomentador de debates de ideias.

Paulo Lopes esqueceu-se, porventura, que, nos dois últimos dois anos, a Secção e a Concelhia estiveram activas através de um conjunto amplo de eventos como os almoços e jantares de confraternização entre militantes e simpatizantes, a distribuição de cravos aos setubalenses nas comemorações do 25 de Abril, a organização e planeamento de pavilhões do partido na Feira de Sant'Iago, a realização de debates intitulados "À conversas com..." e as Jornadas "Compreende Setúbal". No meio de tudo isto ainda se planearam e executaram três campanhas eleitorais.

Acrescenta ainda o Senhor Paulo Lopes que “as secções têm que estar abertas aos militantes e simpatizantes.”

Claramente mais uma ideia virada para dentro. Mais uma frase feita. Mais um pastiche. Mais um lugar comum. Convém-lhe.

O que provavelmente não lhe convinha era que alguem lhe apontasse esta gaffe: o candidato esqueceu-se, ou tentou apenas chamar de ignorantes os militantes (cada um terá uma opinião própria), isto porque é do conhecimento comum dos militantes que os Estatutos do Partido Socialista estabeleceram que nas Secções de Residência o responsável é o Secretario-Coordernador e não o Presidente da Concelhia. Além disso, esta afirmação demonstra ainda um total desconhecimento da vida política do Partido Socialista nos últimos dois anos pois a Secção de Residência do Partido Socialista esteve aberta inúmeras vezes. Não obstante, poucos foram os militantes que aderiram. Relembro que nas actividades que supra citadas estiveram presentes inúmeros convidados como a ex-deputada Marisa Costa, o ex-deputado europeu Joel Hasse Ferreira, o Presidente da Federação Distrital do Partido Socialista de Setúbal, Vítor Ramalho, a Directora Regional de Lisboa Vale do Tejo do Instituto Português da Juventude, Dra. Heliana Vilela, entre muitos outros. O candidato Paulo Lopes poderá alegar que se podia ter feito mais. O que poderá ser verdade, mas também não é menos verdade que durante este mandato de dois anos ocorreram três eleições importantíssimas (que me lembre foi caso único desde o 25 de Abril). Logo era inoportuno realizar mais actividades. A Secção não esteve fechada a cadeado. Não houve seguranças à porta. Ninguém barrou o acesso a ninguém. Quem não quis participar fê-lo porque não quis. Agora, esta Secção não era o mesmo e¬spaço dos tempos de antanho.

Desconheço qual o modelo que o candidato deseja que o seu candidato a Secretário-Coordenador da Secção implemente na Secção de Residência de Setúbal, mas não acredito que seja um espaço aberto e de discussão como tem sido, ao invés, acredito que voltará a ser uma réplica de um bar de colectividade. Para isso não contem nem com a minha presença nem com a minha disponibilidade. Não tenho orgulho nenhum de recordar o primeiro dia em que entrei na secção acompanhado de um amigo e actual camarada e de constatar que no bar se jogava à batota e se bebiam copos de três. Poderia esperar muita coisa de um partido político, mas nunca um cenário daqueles...


Mas o pior não foi o que Paulo Lopes afirmou aos militantes. Porque ninguém ficou surpreso com as suas afirmações e com o seu discurso de ocasião. O pior foi aquilo que disse aos órgãos de comunicação regional, a todos no geral, mas mais concretamente na entrevista ao jornal O Setubalense quando afirmou “Não sei se existem condições, hoje e dentro de quatro anos, para um setubalense conquistar a Câmara de Setúbal”. Antes de ser militante do partido socialista sou e serei sempre setubalense! Como tal esta afirmação ofendeu-me sobretudo quando juntarmos esta outra declaração “criando condições para que alguém, jovem, com peso político e estatuto nacional, venha a concorrer à Câmara nas listas do PS.” É inacreditável! Com este discurso fez uma afronta aos setubalenses dizendo que precisamos de alguém de fora que deite mão nisto e nos ensine a governar. Perdoem-me, mas já vi este sentimento multiplicado centenas de vezes, isto é um pensamento colonialista - leiam Pepetela, Castro Soromenho, Agualusa, Luandino Vieira, entre outros, e comprovem o que vos estou a dizer. Além do mais com esta afirmação Paulo Lopes acaba por se menosprezar a si próprio, pois sabe que nem ele o mais indicado para governar a autarquia.


Em jeito de conclusão, e aliado a tudo o que acima expus convêm ainda salientar que ao advogar certas atitudes como acabar com sectarismo, Paulo Lopes alia-se a um conjunto de figuras cujo passado está intimamente ligado com esse tipo de sentimentos, o que convenhamos resulta meio… estranho.


Resta somente referir que como o candidato não me deu a conhecer o seu projecto político (hábil manobra do género - isto é coisa para queimar pestanas, e só perderei tempo com isso se ganhar as eleições, deverá ter pensado...). Assim resta-me apenas dizer: pode ser tudo muito boa gente, rapazes porreiros, mas não contem com o meu voto porque não alinho em passar cheques em branco.


Independentemente de quem ganhe, convêm, no dia 10 esquecer as trocas de galhardetes eleitoralistas e demais sentimentos nefastos e convergir para uma solução para um grave problema: a Cidade de Setúbal.

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