Ânsias terríveis, íntimos tormentos,
Negras imagens, hórridas lembranças,
Amargosas, mortais desconfianças,
Deixai-me sossegar alguns momentos.
Sofrei que logre os vãos contentamentos
Que sonham minhas doidas esperanças,
A posse de alvo rosto e loiras tranças,
Onde presos estão meus pensamentos.
Deixai-me confiar na formusura,
Cruéis! Deixai-me crer um doce engano,
Blasonar de fantástica ventura.
Que mais mal me quereis, que maior dano
Do que vagar nas trevas da loucura,
Aborrecendo a luz do desengano?
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