quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Internet e as Causas Bacocas

Um sentimento que me faz muita comichão no nariz é a pena, a peninha e que se traduz rapidamente na expressão: Coitado! Coitadinho! Existem poucas mais degradantes na vida que este sentimento. Isto porque é completamente falso. Diariamente somos confrontados com um sem número de pessoas que precisam da ajuda de outrem, sejam elas sem abrigo, pobres, toxicodependentes, prostitutas, entre outras. E regra geral fechamos os olhos, olhamos para o lado para não ver, tapamos os ouvidos para não ouvir, cerramos as narinas para não cheirarmos e colocamos as mãos nos bolsos para não sentirmos. Isto é mau.

Mas existe algo muito pior do que isto!

Até à coisa de dez anos, as causas eram quase um exclusivo das Igrejas. Os fiéis para aliviarem o seu sentimento de culpa por não fazerem nada davam contributos de forma a ajudar as causas e auxiliar os coitadinhos.

Com a chegada da Internet a situação alterou-se drasticamente. Os pedidos de ajuda começaram a inundar as nossas caixas de correio electrónico. E as pessoas movidas pelo mesmo sentimento de culpa que os fiéis da Igrejas começaram a contribuir, nem que fosse fazendo o reencaminhamento dessas mensagens para todos o contactos. Desta forma contribuíam e aliviam o seu sentimento de culpa.

A braços com uma situação catastrófica, as empresas que geriam os correios electrónicos decidiram criar um filtro para que evitassem que essa epidemia de e-mails continuasse. Apesar de ser uma medida com algumas falhas, o fluxo desses e-mails tem vindo a diminuir. Não obstante, as causas encontram um novo território para proliferarem: as redes sociais. E é nesse novo chão que as Causas têm lançado as suas sementes para angariar novos seguidores. Até ao dia que algum benemérito acabe com elas. Mas não será o seu fim. Encontraram certamente, pelos bits e bytes da Internet, um novo local para continuar a sua existência. E os Homens continuaram a procurá-las no sentido de aliviar a sua culpa.

Quem esteja a ler este post já deverá estar a sentir-se revoltado com tudo isto. Mas tenham paciência, ainda não acabei.

Pessoalmente, não acredito nestas causas cibernéticas nem nas das Igrejas. Mas acredito e desejo que todos devemos ajudar-nos uns aos outros. Mas ajudar no sentido verdadeiro da palavra e não fingir que ajudamos.

Se cada Homem desse um pouco do seu tempo a uma Causa o Mundo seria certamente um lugar melhor.

Foi por isso que me filiei num Partido político, por achar que é um meio para conseguir ajudar outras pessoas e dou semanalmente algumas horas da minha vida nesse sentido. Muitos poderão achar um disparate pelo meio que escolhi. Saliento, no entanto, que não é o meio que interessa, mas sim o fim. Existem outros meios, através das Igrejas, de Organizações Não Governamentais, entre outras. Cada um pode optar por aquele que for do seu agrado. Apesar de já ter um meio, decidi, recentemente, ajudar outros a criarem o seu meio. Assim sendo, recentemente aderi a um projecto desenvolvido por uma ONG que visa auxiliar a educação de jovens da província do Chimoio em Moçambique. Aqui a contribuição que faço é monetária. No entanto, espero uma oportunidade para fazer uma acção de voluntariado por esta ou outra organização.

Peço que façam uma pequena reflexão. E por favor, parem de me pedir para juntar a Causas Cibernéticas.

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