Autor: Dennis McShade
Editora: Assírio & Alvim
Páginas: 64
ISBN: 9789723714524
Sinopse
Opinião:

Editora: Assírio & Alvim
Páginas: 64
ISBN: 9789723714524
Sinopse
«Os metafísicos de Tlön não buscam a verdade nem sequer a verosimilhança: buscam o assombro», in Ficções, Jorge Luis Borges, 1944. Juntamente com Albert Camus, cuja A Queda assume neste Blackpot o papel de insuspeitado mote, Borges era um dos autores preferidos de Dinis Machado. Tanto que a sua personagem Peter Maynard, assassino profissional com preocupações éticas e estéticas, figura central de Mão Direita do Diabo, Requiem para D. Quixote e Mulher e Arma com Guitarra Espanhola, não é mais do que a americanização de Pierre Menard, personagem kafkiana de um conto borgeano que teimosamente se entretém a reescrever o Quixote, palavra a palavra, letra a letra, vírgula a vírgula. Foi com esse espírito que Dinis Machado escreveu de um fôlego, como era seu hábito, este visceral Blackpot. Esteve para lhe chamar Gulliver contra Gulliver, título talvez com mais ressonância literária, sobretudo se aceitarmos a opinião de André Breton segundo a qual foi Swift quem inventou o humor negro. Embora, convenhamos, com muito menos swing. Escreveu-o à máquina algures entre 1983 e 85, meteu-o na gaveta da memória e lá o esqueceu inédito até hoje. Guardado a sete chaves e mais uma, a da sombra libertária do olvido, só voltaria a recuperá- lo quando, ainda em vida, se preparava a reedição dos supracitados McShades. Uma coisa levou à outra e ele concluiu que o Blackpot tinha tudo a ver com este seu alter ego literário com vagas maneiras de camóne e muitas leituras na consciência, de seu nome completo Dennis McShade. Pois, como diria Peter Maynard, seja feita a sua vontade. «Pode-se vomitar tudo menos o medo e a solidão. Esta frase idiota fora-lhe dita, uma vez, por um médico que morrera atropelado por um camião. Continuou a olhar para o espelho e tentou sorrir da ideia. Mas não sorriu.»
Opinião:
Fica aqui a curiosidade: esta obra de Dennis McShade, pseudónimo de Dinis Machado, viveu grande parte da sua existência na escuridão de uma gaveta, pelo que estamos perante a primeira edição.
Para quem se quiser iniciar na obra de Dennis McShade esta não é a melhor porta de entrada, pois a velocidade dos acontecimentos aliados à quase inexistência de descrições causará, certamente, estranheza o que levará à incompreensão da obra.
Tal como já foi mencionado, esta é uma obra em que impera a velocidade. Os acontecimentos sucedessem a um ritmo vertiginoso, ou não estivéssemos nós perante uma “organização cíclica” de uma qualquer estrutura criminosa que exige novos quadros pedindo aos velhos que se vão eliminando mutuamente. Não existe tempo para grandes reflexões nem para ponderações, o importante é acção: carregar no gatilho e eliminar, com a bala certeira, mais um jogador. O que nos leva a que nunca saibamos, ao certo, quem é que a personagem principal. Inicialmente somos levados a acreditar que será Gulliver ou quanto muito Armador, dois assassinos, mas cedo nos apercebemos que tais personagens não tem a estrutura adequada restando assim a possibilidade de ser o dilema Vida / Morte a personagem principal desta obra. Cabe, ao leitor, fazer o enquadramento pessoal necessário e decidir qual será a parte que tem mais relevância para si.
Noutro aspecto esta obra leva-nos a ponderar sobre a nossa própria existência e se não estamos a ser levados por uma velocidade vertiginosa que nos impede de ponderar as nossas decisões e acções e que consequentemente nos levam a fazer inadequadas "organizações cíclicas"
Classificação: 7 - Bom
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