terça-feira, 15 de maio de 2007

Ao templo do propício Desengano

Ao templo do propício Desengano
A próvida Razão guiou meus passos;
Por ver-me, louco já, mordendo os laços,
Os duros laços de uma amor profano.

Ajoelho ante o númen soberano,
Mostro-lhe os roxos, os cativos braços,
Dizendo-lhe: «Grão Deus, faz em pedaços
Os ferros que me pôs Amor tirano!»

A deidade inimiga da Esperança,
Me responde: «Eu te livro do flagelo
Que oprime os corações. Mortal descansa.»

Eis que, brandindo um lúcilo cutelo,
Meus ferros corta, e logo da lembrança
Me escapa de Marfida o rosto belo.

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